Artigo no jornal "Público"
18 • Público • Segunda-feira 18 Agosto 2008
«RIO CÁSTER CONTINUA A CORRER POLUÍDO PELO CENTRO DAS CIDADES DA FEIRA E OVAR
Sara Dias Oliveira
Câmara de Santa Maria da Feira admite que a falta de saneamento neste município ajuda a explicar a poluição do rio que atravessa os dois concelhos
As descargas de empresas e limpa-fossas no rio Cáster têm estado no topo da lista de preocupações da associação ambientalista Amigos do Cáster de Ovar. O curso de água não se livra da poluição, depois de nascer no concelho de Santa Maria da Feira, passar pelo centro de Ovar e desaguar na ria de Aveiro.
“As fontes poluidoras não são fixas. Além da falta de saneamento no concelho da Feira, há algumas unidades industriais responsáveis por essa poluição e utilizam-se tanques móveis para fazer descargas”, revela Carlos Ramos, membro da associação Amigos do Cáster. O ambientalista adianta que os despejos são feitos com alguma regularidade, habitualmente quando há um maior caudal e à noite. “O rio fica com uma cor estranha mas, acima de tudo, os cheiros sentem-se por toda a cidade de Ovar”, afirma.
A associação Amigos do Cáster tem denunciado várias descargas, contactando o Serviço de Protecção da Natureza da GNR, e alertado a população para que esteja atenta ao mínimo sinal de poluição no rio.
O vereador com o pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, admite que a falta de saneamento neste município ajuda a explicar a poluição do rio que atravessa as duas cidades. “O problema de esgotos é uma realidade e enquanto o sistema de saneamento não estiver concluído é natural que se verifiquem situações pontuais de descargas”, refere.
O mesmo responsável sustenta ainda que a construção de um interceptor de esgotos, empreitada a cargo da SIMRia – Saneamento Integrado dos Municípios da Ria, é crucial para resolver a questão. “É uma obra fundamental para que a despoluição do rio Cáster seja uma realidade”.
“Todos os acordos e investimentos estão definidos, resta apenas esperar que a SIMRia comece a obra”, sublinha o autarca.
O vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Ovar, José Américo, concorda que esta obra “vai ajudar a resolver o problema “no que diz respeito aos efluentes que são ligados na Feira”. O responsável salienta que a falta de rede de saneamento no município vizinho tem contribuído para a poluição do rio e que há uma empresa de papel de Ovar que tem feito descargas.
“Há gente que polui o rio e, nesse sentido, fazemos participações à GNR, para que accione os mecanismos necessários, e temos levantado autos de notícia”, garante o vereador.»
Carta aberta do BE
Vereador de Ovar garante estar atento
A poluição do Cáster levou o Bloco de Esquerda de Ovar a dirigir uma carta aberta ao vereador do Ambiente. O BE sublinha os “atentados ambientais” no “martirizado” rio que “continua a ser alvo de descargas de esgotos e resíduos” e lamenta o “cenário de água escura e pestilenta com cheiro nauseabundo” em Ovar. José Américo reage que não precisa de cartas sobre o problema. “A câmara está muito sensibilizada. Infelizmente não lhe compete resolver atitudes e comportamentos de algumas pessoas”, responde.
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