(Fotos do evento - link ) |
No dia Europeu do Mar, e em que foi inaugurado uma unidade hoteleira em plena Praia do Furadouro, o Professor Doutor Veloso Gomes veio a Ovar para uma conferência organizada pelos Amigos do Cáster.
Referiu o historial da erosão costeira e da defesa da costa e, em concreto, das intervenções de engenharia feitas no concelho pelo INAG e ARH-Centro.
Apontou causas, falou dos primeiros estudos que fez sobre esta zona, em 1992 a 1994, em que começou a questionar a expansão de frentes urbanas em zonas críticas pois “…expõe essas construções a níveis de risco elevados, o que se tenta contrariar com intervenções de defesa costeira… que têm limitações funcionais e impactes negativos.”.
De uma forma clara e informativa referiu:
1. A linha da costa não atingiu um novo equilíbrio e os problemas continuarão, ou agravar-se-ão;
2. As alterações climáticas (tempestades e subida do nível do mar) serão mais gravosas para a segurança das frentes edificadas que vão ser insustentáveis a médio e longo termo;
3. È inaceitável continuar a expansão do Bairro dos Pescadores em Esmoriz. É uma zona de alto risco e a autarquia tem aqui um papel importante ao nível da fiscalização;
4. Não pode ser admitida qualquer expansão para Sul das zonas edificadas das praias de Cortegaça ou do Furadouro e, por precaução, devem as mesmas ser relocalizadas a médio – longo prazo;
5. As defesas existentes não devem ser eliminadas e devem ser restauradas e mantidas;
6. É importante que as autoridades locais, associações e instituições estarem atentas aos períodos de discussão pública dos Planos de Ordenamento. Devem ser apresentadas propostas mas, avisou, não há soluções milagrosas e desengane-se quem pretende importar modelos de outras regiões. O caso do concelho de Ovar é único a nível mundial.
7. Deve ser criada uma zona tampão a demarcar a curto prazo ao longo do parque de campismo de Cortegaça e, em Esmoriz, ser feita a relocalização do edificado a poente da Rua dos Pescadores e das Avenidas da Barrinha e Infante D. Henrique, e, em Cortegaça, a poente da Avenida Infante D. Henrique.
Foram pedidos esclarecimentos sobre as informações prestadas relativamente as cotas, forma e localização das estruturas colocadas na Praia do Furadouro.
A Professora Doutora Assunção Araújo, da Faculdade de Letras, departamento de Geografia da Universidade do Porto, questionou sobre a questão dos sedimentos e das alterações geo-morfologicas desta zona.
Esteve presente na conferência o Eng. António Guedes Marques (CCDR-N e ARH-Norte) que, a pedido dos Amigos do Cáster, respondeu as questões do vereador da Câmara Municipal de Ovar, Eng. Salvador Malheiro e da Presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz Maria do Rosário Loureiro Relva sobre a multiplicidade de competências, e de organismos, que existem sobre este tema.
Referiu que é necessária uma estrutura central, com meios humanos e financeiros que consiga coordenar a acções no local mas com uma perspectiva nacional.
Mais disse que já existe uma estratégia nacional para estas questões, pensada e delineada em 2009, mas ainda não aplicada no terreno por parte das entidades competentes.
No final da conferência, os Amigos do Cáster deixaram dois apontamentos:
1. Congratularam o palestrante por ter impulsionado o debate sobre esta questão ao trazer a Ovar o projecto Ancorim. Esta iniciativa promoveu o acesso à informação, que normalmente escasseia, e congregou esforços ao juntar autoridades públicas locais, regionais e centrais.
2. Recordaram que a posição da Associação, nesta matéria, é a de que as intervenções de engenharia devem ter em conta os ecossistemas costeiros. Pelo que deveria ser equacionada uma solução que aproveitasse as intervenções já existentes mas sem descaracterizar as zonas dunares das praias de Maceda, Norte do Furadouro e do Torrão Lameiro.
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