quinta-feira, novembro 10, 2011

AMBIENTE IMAGENS DISPERSAS 2011

7º Encontro de Fotografia Cidade de Ovar
CICLOne de Conferências - Paul do Boquilobo

Água a perder de vista, refletindo o verde dominante dos salgueiros, entrecortado pelo castanho do bunho. O vermelho-vivo dos olhos do Goraz observam-me do topo da vegetação, enquanto aves brancas levantam voo, às centenas, ruídosas, algumas com bicos estranhos, em forma de colher. Mais além, garças cor de fogo elegantemente pousadas em tapetes verdes de plantas flutuantes. Junto às margens, as limícolas enterram o bico no lodo. E eu disparo, em todas as direções, tentando eternizar o Paul do Boquilobo.
Mosquitos, frio e humidade, o ruído do comboio que passa a menos de cem metros... Não foi fácil pregar olho dentro do exíguo abrigo, estrategicamente instalado junto a dois grandes charcos. Antes das seis da manhã, o som abafado de passos desperta-me. Dificilmente contenho um grito de alegria: na luz ténue da madrugada avisto o vulto de um casal de gamos. No charco, uma garça-branca, em plumagem nupcial, procura alimento. Nas margens, uma garça-boeira mergulha numa nuvem de mosquitos e uma cegonha colhe material para o ninho. São imagens como estas que me trouxeram ao paul, vezes sem conta, ao longo dos anos: uma das mais importantes zonas húmidas de Portugal, ao ponto de ser a primeira zona do nosso país a ser protegida internacionalmente.

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