quinta-feira, outubro 13, 2005

Festival sons em Trânsito em Aveiro


Sons em Trânsito aposta na música do mundo
Festival estende-se a outras cidades além de Aveiro
A cantora folk britânica June Tabor e os músicos africanos Toumani Diabaté e Mahmoud Ahmed actuam em Dezembro no quarto Festival Sons em Trânsito (SET), de Aveiro, que cumpre o objectivo de se alargar a outras cidades. Os bilhetes para o SET 2005 estarão à venda em meados deste mês.
"O cartaz deste ano é o mais forte de todas as edições, o mais coeso e equilibrado, abrangendo geograficamente várias músicas", afirmou à agência Lusa o director do Sons em Trânsito (SET), Vasco Sacramento. De 24 de Novembro a 3 de Dezembro, o Sons em Trânsito, festival de músicas do mundo de Aveiro, apresenta nove propostas da denominada "world music", embora os artistas ultrapassem as fronteiras desta categoria. Entre os nomes mais sonantes conta-se, a 2 de Dezembro, o músico do Mali Toumani Diabaté, "príncipe" da kora, um instrumento africano semelhante a uma harpa e a uma guitarra. Depois de ter actuado no África Festival, em Julho, em Lisboa, ao lado do guitarrista conterrâneo Ali Farka Touré, o músico regressa a Portugal acompanhado pela Symmetric Orchestra, formada por alunos do conservatório de música da capital, Bamako, que apresentará em estreia mundial temas do novo álbum a editar em Fevereiro. Em estreia em Aveiro estará também, a 1 de Dezembro, o cantor Mahmoud Ahmed, uma das vozes da música etíope, cujo reconhecimento acabou por ser obtido fora do seu país, por conta do registo "Ere Mela Mela", que reúne trabalhos gravados na década de 1970 na Etiópia e lançados na Europa em 1986. A única presença feminina no cartaz do SET 2005 fica a cargo de June Tabor, a 3 de Dezembro, uma das expoentes da folk britânica, que acaba de editar "Always", uma caixa de quatro discos que condensa trinta anos de carreira em cerca de trinta temas, entre raridades, temas ao vivo e nunca antes editados. A estes três nomes juntam-se a música hipnótica do cantor paquistanês Faiz Ali Faiz, considerado o herdeiro de Nusrat Fateh Ali Kahn, do músico norte-americano Corey Harris e da Armenian Navy Band, projecto criado pelo percussionista Arto Tunçboyacian, que se autoproclama como "avant garde folk music". Do Brasil regressa o cantor Celso Fonseca, à boleia do álbum "Rive Gauche Rio", e de Portugal juntam-se Vítor Gama, nome da música experimental portuguesa feita a partir de pesquisas sonoras e metamorfoses de instrumentos, e o quarteto de concertinas Danças Ocultas. Este projecto de Águeda, a comemorar dez anos de carreira, foi desafiado a preparar um espectáculo com vários dos convidados que integraram o último álbum "Pulsar", com vista à gravação de um disco ao vivo. O Teatro Aveirense volta a ser a casa dos espectáculos do festival, mas nesta quarta edição a organização cumpre um dos objectivos traçados em 2004, de descentralizar o projecto e levar os concertos a outras cidades. A organização põe em prática o nome do festival e leva sons em trânsito por Vila Nova de Famalicão, Vila Real e Bragança, com muitos dos artistas do cartaz a partirem em mini-digressão por estas cidades. Segundo Vasco Sacramento, esta descentralização é conseguida por causa do orçamento este ano ser superior ao do ano passado, por conta da ajuda financeira obtida através do Plano Operacional de Cultura (POC), que suporta 70 por cento das verbas do SET. "A edição de 2004 correu mal, por causa da falta de apoios, o cartaz ressentiu-se, o público ressentiu-se e foi um festival de sobrevivência, para manter o nome", admitiu o director do SET. O Sons em Trânsito, dedicado às músicas do mundo, foi responsável pela vinda de artistas como Omara Portuondo, Susana Baca, Fanfare Ciocarlia, The Klezmatics e Kimmo Pohjonen.

Lusa/Sic online

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